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Foto: Frederico Falcão Salles

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Coleção Zoológica do Maranhão impulsiona pesquisa no Nordeste 



Equipe do Laboratório de Estudos dos Invertebrados mantém rotina de trabalho em campo (Foto: Lab. de Estudos dos Invertebrados)

Quando o professor Francisco Limeira de Oliveira chegou à Universidade Estadual do Maranhão, no início da década de 1980, não havia ainda coleção de insetos, não havia programa de pós-graduação, e quase não havia dados consolidados sobre a fauna da região. A própria universidade, ainda em formação, tinha outro nome, poucos recursos, e tudo precisava ser construído. Quarenta anos depois, o resultado desta construção está visível no trabalho do Laboratório de Estudos dos Invertebrados, que ele coordena, e na Coleção Zoológica do Maranhão (CZMA), com 250 mil espécimes montados em alfinetes entomológicos que levam pesquisadores de todo o Brasil ao estado. 


"Só de Lepidoptera temos um acervo de mais de 60 mil espécimes montados. Temos também uma coleção magnífica de insetos noturnos, coletamos ainda besouros de diferentes famílias. Acho que o grande feito foi esse: construir esse material que atrai pesquisadores de todo o país", conta o professor, curador da coleção. Os primeiros exemplares foram coletados pelo próprio Francisco, na década de 1990. Nesta época, ele havia decidido fazer seu mestrado com material do Maranhão, exatamente porque as referências eram poucas e não havia arquivo disponível. "Eu queria ajudar a proporcionar bases para os pesquisadores daqui pudessem estudar mais, se especializar. Nós começamos a fundar (a coleção) em 1996. Quando eu estava no mestrado (no INPA), já coletava espécimes de vários grupos, de Diptera, de Coleoptera, de Lepidóptera, e já colocava em caixas de camisa, com isopor no fundo… Eu alfinetava os bichos e colocava ali."


A partir desse momento, associada à ideia de criação da CZMA, iniciou-se a luta pela construção de laboratórios de pesquisas nas mais variadas áreas como Entomologia, Genética, Botânica, entre outros. Esse movimento abriu caminho para a criação de um Programa de Pós-graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde, iniciado há 10 anos - com o doutorado aprovado em setembro, há pouco mais de um mês. 


Hoje, a CZMA está entre as seis maiores coleções entomológicas do Brasil, e é considerada o acervo biológico de referência para pesquisas realizadas no Nordeste, além de ter papel fundamental para o desenvolvimento da sistemática no Brasil. Embora tenha nascido do trabalho do professor Francisco com insetos, na coleção encontram-se também amostras de outros invertebrados, como poríferos, cnidários, platelmintos, nematódeos, moluscos, anelídeos, onicóforos e equinodermos. "Eu comecei sozinho, com o apoio do meu orientador apenas (professor José Albertino Rafael, do INPA), e hoje conto com um grupo grande de alunos de mestrado e doutorado."


Além de atuar no cuidado e ampliação da coleção, a equipe do Laboratório se dedica a pesquisas diversas, quase sempre voltadas para taxonomia, com foco principalmente em Diptera. "A gente tem escolhido alguns grupos de moscas que são negligenciados, que foram esquecidos pelos sistematas brasileiros ao longo da história, e eles têm recebido a nossa atenção. E são grupos com distribuição no Brasil todo, e inclusive no Maranhão, porque isso era o que a gente queria, explorar essa realidade daqui que nunca foi estudada, ou foi pouco estudada." 


A rotina de trabalho do grupo se mantém intensa, inclusive com coletas sistemáticas, mas o clima de trabalho é muito diferente daquele enfrentado pelo professor Francisco décadas antes. As parcerias internacionais surgiram naturalmente, e o laboratório atua hoje de forma consistente com colegas da França, Bélgica, Canadá, Estados Unidos e Austrália. "Esse acervo e nosso laboratório aqui têm proporcionado um olhar diferenciado do Brasil inteiro para cá. Os tempos são outros. Hoje podemos fazer reivindicações mais direcionadas para nos equipararmos. Temos três blocos dedicados exclusivamente à pesquisa, e isso se multiplica, abre canais para outros colegas que trabalham na UEMA."


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